Abierto hoy de 11:00 a.m. a 7:00 p.m.

Bubuia. Águas como fonte de imaginações e desejos

Fotografía de la exposición Bubuia

A Amazônia é conhecida pelas suas grandes áreas florestais e por suas fauna e flora diversas, mas é a presença da água — vinda das chuvas e de sua extensa rede fluvial — que contorna o imaginário da região. Adotar não só o vocábulo mas a própria ideia de Bubuia: águas como fonte de imaginações e desejos, enquanto título da primeira Bienal das Amazônias, é celebrar a relação ética e cultural entre as águas e os corpos que nela se movem, que sobre ela flutuam e se deixam mover. É um convite a percorrer rotas movediças, marés flutuantes, onde as noções de lugar, crença, identidade cultural e modelo econômico são fortemente deslocadas.

Curadoria: Keyna Eleison e Vânia Leal

Artistas: Adriana Varejão, Anna Bella Geiger, Aycoobo, Caio Aguiar (Bonikta), Christie Neptune, Cláudia Andujar, Denilson Baniwa, Duhigó, Éder Oliveira, Elza Lima, Emmanuel Nassar, Francelino Mesquita, Francisco da Silva, Gabriel Bicho, Gê Viana, Gervane de Paula, Gerardo Petsaín, Glicéria Tupinambá, Gustavo Caboco, Hal Wildson, Iwiri-Ki, Joelington Rios, Kelia Sankofa, Kenneth Flijders, Kit-Ling Tjon Pian Gi, Lastenia Canayo, Liça Pataxoop, Lua Cavalcante, Lova Lova, LK PROD, Manauara Clandestina, Marcel Pinas, Marcela Cantuária, Maria José Batista, Miguel Penha, Marinaldo Santos, Miguel Keerveld, Moara Tupinambá, Nay Jinknss, Nancy La Rosa, Noara Quintana, Noemí Pérez, Pablo Mufarrej, PP Condurú, Rafa Bqueer, Rafael Matheus Moreira, René Tosari, Sãnipã, Sandra Brewster, Thiago Martins de Melo, Ueliton Santana, Venuca Evanán, Waleff Dias, Xomatok.

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Como conceito-chave, a Bubuia é diretamente inspirada no dibubuísmo defendido por João de Jesus Paes Loureiro — renomado poeta, ensaísta, dramaturgo e professor da Universidade Federal do Pará, nascido em Abaetetuba, às margens do rio Tocantins, onde sua poética começou a se entrelaçar ao real e ao imaginário amazônicos que marcam sua vasta produção literária. “Estar de bubuia”, flutuar sobre as águas, simboliza uma conjugação de movimento e inércia em favor do prazer, da reflexão e da integração com o meio ambiente, e diz muito sobre a perseverança e resistência de quem habita a região. Neste sentido, Bubuia é mais que um gesto cultural. É certa predisposição calculada para o devir e para o deixar vir, que se estabelece como conhecimento de herança constituinte de saberes caboclos ribeirinhos, transmitidos pela oralidade em caráter de resistência, imbuídos por um conhecimento oriundos da relação com a natureza e relacionados entre os seus iguais. Essas relações apontam questões produtivas para pensarmos sobre nós mesmos. Configura-se, então, um sistema cultural singular de ser e estar no mundo alicerçado pela experiência. As vivências criativas concebidas no cotidiano são, sem dúvida, a retórica imprescindível à existência.

É nessa paisagem amazônica composta de rio, floresta e devaneio, cuja compreensão se dá por meio de uma dupla realidade: imediata e mediata, que Loureiro afirma a imediata como uma de função lógica e objetiva, e a mediata (que aqui nos interessa) de função mágica, encantatória, estética. A primeira Bienal das Amazônias é, portanto, um convite a mirada para este território a partir da superposição dessas duas realidades, à semelhança do que acontece durante a mirada de um rio em fluxo: ora o olhar se fixa no leito e suas pedras, ora na água em movimento, ora simultaneamente nas duas.

Em meio a drástica crise climática planetária e aos crescentes antagonismos ideológicos que se espalham pelo Brasil e pelo mundo, anunciar a multiplicidade de desejos como o campo de forças que circunda corpos em território amazônico é, antes de tudo, uma proposta de instauração de espaços relacionais que levam em conta a experiência humana nela acumulada, seu humanismo, seu imaginário social. Espaços de autorreconhecimento, de celebração e, principalmente, espaços de luta, resistência e reexistência pelo prazer de ser plural. Dessa forma, o cerne curatorial da Bienal busca instaurar aproximações possíveis não só entre os nove países que delimitam o bioma e o território aquático do Rio Amazonas e os nove estados brasileiros compreendidos como Amazônia Legal, como também ambiciona a inclusão das muitas amazônias multifacetadas e invisíveis que populam o imaginário contemporâneo, para além de seus limites físicos, sociais e geográficos.

Bubuia, no caminho proposto por esta exposição, é uma posição estratégica diante da consciência plena do caos, da violência e do descontrole como método. Não se propõe enquanto boiar apenas, mas nas consequências de conhecer os desconhecimentos. Borbulhas, banho, gozo, água, movimento, contemplação, rio-gente, gente-rio, rio-mar, mar-gente, margem, rio-gente-mar na efervescência das culturas amazônicas. Não deixa ninguém afundar nas marés da indiferença. Vão se espraiando e abrigando narrativas de seres encantados, deuses e personagens das infindáveis cosmologias do imaginário que surgem a partir do lugar defronte do correr das águas.

Todos os signos e símbolos dos rios são múltiplos, pois os rios têm igual importância para as pessoas que nasceram e vivem às suas margens e para aqueles que vivem ao longo dos caminhos dessas correntes, os rios que ditam a força transfigurada e regem as trocas e traduções simbólicas das culturas. Bubuiar é um ato de renovação e transformação do espírito da selva que ressoa do coração da floresta para o mundo. Bubuiar é um ato de renovação e transformação do espírito florestânico que ecoa de dentro da mata para o mundo.

Projeto realizado por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura Rouanet.

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